domingo, janeiro 20, 2008

Tarde de domingo...


Hoje sai… mero passeio… o tempo húmido, fechado, como se algo o sufocasse, nem a costa dava para se notar… ao passar por S. Roque, como muitas das outras vezes, veio tudo à cabeça quer momentos bons como maus, como aquilo que me fez desistir do que me mantinha viva. Só sentia vontade de ver alguém, alguém chegado, não a nível de família, mas amigo…
Saudades…
Poh… quem me dera voltar, quem me dera sentir tudo, voltar a sorrir, cantar, conversar com o pessoal, ouvir o mar sentada no muro enquanto esperava a hora certa para ir para o ensaio, sentada no muro frio a sentir a brisa, a ouvir o bater das ondas nas rochas, os galhos das arvores a mexerem-se com a brisa, a ver a Ursa Maior, perdi a conta de quantas vezes gelava a sentir isto, mas cada noite mais perfeita do que a outra, mais única…
Cada vez mais acredito que não só perdi todos aqueles momentos que viriam depois como uma parte de mim… e… não culpo ninguém se não a mim mesma por tudo se ter passado, porque de facto, por mais que me digam que fui a vitima e não a culpada, irei sempre culpar-me, porque foi a maneira de ser que tudo tornou-se assim…
Cada vez mais odeio-me… sinto-me a ir… tenho vontade de… sei lá… o que quer que seja sei que não o vou fazer, porque há quem me prenda aqui neste mundo, nesta bola que gira e que muitos o chamem de Terra. Mas nem por isso paro de sentir a vontade de me magoar, mas não o faço…
Tem vezes que parece que há, não um, mas dois monstros dentro de mim, um que me magoa por ser como sou e o outro que me magoa para evitar que me magoe por ser como sou…
Odeio isto! Odeio! Odeio olhar-me ao espelho e ver-me a chorar!
Piegas páh! Dax… sinto odeio… dor…
Pior mesmo é acordar e pensar em tudo o que se passou, ter que ir para a escola e sorrir em vez de querer antes nem entrar pelo portão, mas ir para algum lado e magoar-me, mas não, sigo as regras, não ultrapasso os limites que me foram dados, entro e antes de subir as escadas para a entrada olho o céu uma vez mais e tento não libertar os pensamentos que me puxam para baixo, mas sim a alma… quem me dera a mim nesse momento ganhar asas e voar ate a uma nuvem, sentar-me na beira desta, suspirar e ouvir: “Aguenta-te… porque tudo isto vai passar, já faltou mais, tu bem o sabes…” mas não, suspiro na mesma e baixo a cabeça e entro, tudo não passou, apenas ai vem um dia mais pela frente.
Quando me lembro daquela noite em que não houve ensaio e tive que ficar na casa da Bruna ate meu mano me ir buscar…
Recordo-me plenamente de corrermos enfrente à praia ate a casa dela… chovia para caramba, cada vez carregava mais e íamos nós as corridas para a casa dela, ainda me lembro do toque das gotas, daquele som destas a cair e do grito dela enquanto corríamos… isto… isto é apenas mais uma boa recordação, a qual me faz sorrir e chorar… saudades… chegamos a casa dela encharcadas
Mas nem por isso deixo de gostar de andar à chuva. Naquela noite foi a primeira vez que liguei para o Decas… dah! Banal…e citei-lhe o poema que tinha escrito para ele:
Porque o sol não amanhece
Nem a lua se põe
Porque o meu mundo escurece
Enquanto que a minha alma arrefece
Porque em meus sonhos tudo acontece
Mas na realidade tu não apareces


Ate dele sinto saudades…
Bem… deixando disto e voltando ao suposto passeio dado hoje.
Vi o mar… nem sei como começar a escrever…





Vazio


Fomos dar uma volta a ver casas, eu e meus pais, visto que a nossa casa está à venda… meu pai ao dar a volta no carro para podermos seguir para outro lado, só lhe perguntava: “e aquela vista dali como será?” ate que ele parou o carro e disse-me: “vai lá ver…” sai do carro e sem sequer ao muro chegar voltei para trás para sacar o telemóvel da mala…
Aquela vista…
Dava para avistar o mar… não na sua cor de costumo nem manso, mas sim branco da espuma da sua bravura… aquele som das ondas… aquela brisa… simplesmente lindo… tirei uma foto, mas apesar de ter captado a beleza que dali avistava, esta foto não captou o sentimento que em mim foi causado… não captou aquele som, nem aquela forte brisa que os meus caracóis elevava, mas mesmo assim guardei não só a foto no telemóvel, como aquela vista panorâmica que, nesta tarde de domingo, com a alma não só avistei como senti…

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