terça-feira, março 25, 2008

soltaram-se as palavras

Do nada soam as notas e com estas comecei a escrever, por não saber por onde pegar deixei-me levar mais uma vez pela escrita, meras palavras que no fim, como sempre, juntas formam algo.
Desta vez incorporei eu na personagem e escrevi como se sentisse o que se passava no texto, no contexto do Ep._1, é assim que lhe chamo, o texto que aqui abaixo postarei.

Um novo começo? Não sei se é, a ver vamos com o tempo. Uma coisa garanto, este texto ai não está acabado.





23-03-08
Soltam-se as notas e a musica preenche o espaço, preenche a sala. Soam e a cada acorde à aquela particularidade de uma parecer mais perfeita que a outra, perfeição esta que torna o cintilar destas colossal.
Encosto-me à janelas e enquanto aprecio a chuva que cai tornando as coisas mais reflectidas tu tocas. Sinto uma frieza inigualável, sensação esquisita e esfrego as mãos nos braços, apesar de mesmo gelada saber que aquela frieza não é corporal.
Continuas a tocar e começas a cantar uma das tuas musicas favoritas, do nada o som que antes agradável ouvia-se agora já não se sente, apenas sinto tuas mãos juntos aos meus braços, ao te encostares a mim perguntas:
- Que tens?
- Nada…
- Estás gelada.
- Isso já passa – sorrio-te – porque não voltas a tocar? Estavas a ir tão bem.
- De que me vale tocar se sei que não estás aqui para me ouvir? Quer dizer o estar estás, mas só em corpo presente, algo passa-se contigo – acaricias-me o rosto – sinto-o…
- Abraças-me?
- Isso nem se pergunta.
- Recebi hoje um telefonema…
- Não me digas que agora tens um admirador secreto via telefone?!
- Não, parvo…
- Que tem?! Podias ter e depois ficavas encantada com a sua voz que te fazia derreter agarrada ao telefone e…
- …e não acabaria de ouvir o telefonema, visto que com tanto derretimento o telefone escorregar-me-ia das mãos, certo?
- Tinhas que estragar tudo, nem sequer comecei a mencionar a baba já estás tu a dar final ao episódio, mesmo mazinha.
- Lá nada, isso achas tu, mas como sempre enganaste.
- Agora passando a coisas serias, …, de quem era o telefonema?
- Do hospital… - encosto-me outra vez à janela como se procura-se o resto das palavras para lá desta.
- Que disseram? Leo? – ao aproximardes de mim, tocas-me no braço – que disseram eles?
- Nada de mais, marcaram só a data para o exame. – lanço-te um sorriso vazio.
- E para quando é?
- Para daqui a uma semana.
- Irei contigo então.
- Não será necessário.
- Porquê? Porque insistes tu em fazer as coisas sozinha? Tu és forte, eu sei disto, não tens que mo provar querendo fazer as coisas sozinha. Eu estou aqui, para algo é. Quando preciso de ti, quando estou em baixo estás comigo, estás do meu lado, porque insistes agora querer estar tu só quando precisas de alguém?
- Tenho medo… - cai-me uma lágrima pelo rosto.
- Eu sei e não é só por isso que estou aqui, é também porque gosto de ti, porque te amo, porque me preocupo contigo.
- Eu sei, mas mesmo assim… mesmo assim há coisas que prefiro fazê-las só.
- Por burrice, não? Eu sei que não devia estar a ser frio contigo, não agora, mas…
- … Mas estás a sê-lo porque queres o meu bem, porque sabes que preciso de ti do meu lado, porque sabes que só estou a ser fria e…
- … forte por fora, porque por dentro estás mal.
- Sim. Sufoco de receio. – passo a mão no peito como se quisesse agarrar algo que me sufocasse.
Aproximaste mais e abraças-me, tornaste a desviar, mas mantendes te agarrado a mim, tocas-me na ponta do nariz e dizes:
- Amo-te pequenota.
Sorrimo-nos e abraçamo-nos como se o sufoco desaparecesse.
Sentaste no sofá e de costas viradas para ti encosto-me ao teu peito, enquanto tu devagarinho mexes-me no cabelo, suavemente passo a mão pelo teu braço agarrando-te na mão e entrelaçando os meus dedos nos teus, pergunto:
- Irás mesmo comigo?
- Claro que irei.