terça-feira, outubro 30, 2007

Esperei...


30- 10-07 20:20


Esperei...

E enquanto esperava preparava tudo, corria de um lado para o outro, arrumava uma e outra coisa para que tudo ficasse perfeito, mais perfeito do que já o era…


Ate que no meio de tanta ânsia o telemóvel tocou… aquele som… aquela musica de sinal que a chamada era de um amigo…

Corri, agarrei o telemóvel e ao atender só me disserem: “desculpa, mas ele não vem porque perdeu o avião…”. Pum! ... Foi como se tudo disparasse ao desligar a chama…

Tinha preparado tudo com tanto carinho para nada?

Valeu a intenção, talvez… mas não conseguia ficar ali com aquele ambiente todo, apanhei o casaco, saquei as chaves do carro e fui-me…

Enquanto conduzia sentia um sufoco, não sabia para onde ia, mas guiava e guiava, ou talvez fosse guiada para algum lado… ao deparar-me aonde fui parar reparei que, naquele sufoco todo não me tinha guiado para um simples lugar.

Não! Não fui para um simples lugar, não para um sítio qualquer, mas sim para o local onde tudo tinha começado… o nosso lugar…

Sai do carro e nem agarrei no casaco, aquela sensação de sufoco de mais uma noite sem ti fez-me perder por completo o frio, talvez perdesse o frio corporal, mas minh’alma parecia que gelava a cada segundo que passava.

Olhei o mar…

Aquele cheiro a maresia não só me entrava pelas narinas como pelo espírito inquieto que em mim permanecia…

Senti…

Senti a brisa a envolver-me e desejei que fosses tu que me envolvesses em teus braços, mas não…

Dali dava para ver o fim da costa do monte e o início da praia, sabia que o tempo ia começar a escurecer, mas dali não arranquei pé… via as ondas a ir e a vir e a ir e a vir… o reflexo dos últimos raios de sol no mar e a costa ainda iluminada…

Fechei os olhos por momentos e senti a brisa a vir como se me levitasse a alma e…

Aquela já não era a mesma brisa de quanto fechei os olhos, aquele cheiro era diferente… era uma mistura, não desconhecida e sem hesitar suspirei tão profundo que as lágrimas caíram-me pelo rosto… era o teu perfume, virei-me e…

Ali estavas tu. Mãos nas algibeiras com aquele sorriso único, calças de ganga escura e largas, sapatilhas all stars pretas, casaco de capucho preto e de gorro preto na cabeça a tapar o teu cabelinho, mas ainda notava-se as pontas saídas deste.

Baixei a cabeça e sorri, levantei outra vez e apenas me perguntaste: “hmm… será que me dás uma boleia?”

“- Para onde?” perguntei-te eu.

“- Hmm… directamente para o conchego do teu coração, que me dizes?”

“- Épá, não sei ainda o sinto gelado, não sei se terás muito conchego neste…”

E ao te aproximares perguntaste: “e se aquece-lo assim…?”

Num ápice agarraste-me pela anca puxaste-me mais para junto de ti e… beijamo-nos… aquele toque humedecido dos nossos lábios juntos, aquele momento prolongado, aquela mutuação de nossas almas, sim, fez com que o meu coração voltasse a ficar quente.

Depois olhaste nos olhos e com aquele ar de sempre fazendo-se de despercebido perguntaste: “será que já está mais quentinho?”. Não tinha palavras, não sabia o que responder, tu sabias muito bem que sim.

Retribui-te o olhar, lancei-te um sorriso e abracei-te enquanto te sussurrava ao ouvido: “Tu és único…”

E ficamos ali, abraçados, encostados ao carro… no monte a ver os últimos raios de sol a se desvanecerem no horizonte, enquanto suava no ar aquele som do rebentar das ondas e aquela brisa do anoitecer…

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